Sobre ser mãe estudante e trabalhadora

Sobre ser mãe estudante e trabalhadora
Meu blog surgiu no inicio da gravidez por uma necessidade de escrever, sistematizar e dividir aquele momento de tantas dúvidas e angustias.
Hoje passado três anos após o nascimento do meu filho, pessoa que mais amo nesse mundo.  As duvidas angustias, perrengues permanecem. Tenho refletido muito sobre as dificuldades que nós mulheres enfrentamos quando decidimos ser mãe. Recentemente ao comentar com um professor que uma amiga minha que fora sua aluna estava grávida, a resposta dele foi sua resposta foi “Discordo!”
 Eu perguntei “Discorda?? Do que ?? Dela está grávida?”
Ele: Sim, filho atrasa, e o doutorado dela onde fica.
Eu respondi, filho de fato dificulta, mas daí dizer que é um atraso... Discordo, pois eu engravidei durante a graduação, terminei ela um semestre depois do previsto somente,  coisa que em universidade pública e no curso noturno é extremamente comum, passei em um concurso público e no mestrado nesse meio tempo, tudo isso depois do meu filho nascer, alias acredito que ter meu filho fez com que eu encarasse a vida mais de frente isso sim.
Ele seguiu afirmando: Filho é bom ,mas atrasa, atrapalha, ainda mais pra ela.
Na verdade o ainda mais pra ela era só uma forma sutil de dizer ainda mais MULHER, foi assim que eu enxerguei, e fiquei refletindo após.
Mais um exemplo: Quando contei para meu pai de minha gravidez a fala dele foi exatamente essa.
- Puta que pariu Malú .. e a faculdade, você acabou com sua vida.
Essas duas falas só refletem todo machismo arraigado em nossa sociedade, em que nos mulheres estamos submetidas uma lógica patriarcal e unilateral, em que o filho é somente responsabilidade da mulher. Pois, se vivêssemos em uma sociedade não machista, não sexista este seria encarado como responsabilidade dos responsáveis (mãe e pai e de todo a família extensa de ambos os lados, o que vemos comumente é a família da mulher assumir esse papel de suporte), indo além o filho seria responsabilidade destes dois, e a mulher não necessitaria sacrificar seus planos, sonhos, carreira, independente de ter um relacionamento ou não. Hoje o que vejo quando converso com boa parte das mulheres que possuem filhos e que construíram ou estão construindo suas carreiras, é o como foi ou é sacrificante dar conta de tudo, pois no geral são elas por elas e os filhos, ou elas e sua família.
É impressionante como boa parte dos homens têm a capacidade de colocar qualquer coisa de suas vidas como algo mais importante do que a mulher venha desenvolver. Seja trabalho, militância ou vida social, aos “machos alfa” não podem abrir mão de nada e nos esta sempre nos sacrificar.
Mas impressionante como os ditas feminista ou defensores do feminismo não existam em deixar o discurso de lado quando isso ameaça a sua condição beneficiado. Enfim, cheguei a conclusão que de fato o filho pode ser sim um peso, mas somente pelo fato de ser responsabilidade de uma das partes envolvidas e nem entremos no mérito de vida pessoal e social pois ai daria muito mais pano pra manga.
Hoje só escrevi devido a angustia de últimos acontecimentos, e sei que minha escrita afeta a terceiros, mas as ações ou não ações de terceiros tem em muito me afetado e mediante a isso não me silenciarei.
Dedicado a todas as mulheres guerreiras maravilhosas que tenho convivido e conhecido. Sigamos nos construindo com amor e nos fortalecendo sempre.
Malú Ribeiro Vale.




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