Sensibilidade feminina ou manipulação machista?!
Meus post's apesar de serem bem intensos e de dizerem muito do que penso e sinto ,no geral são mais poéticos menos dissertativos, mas hoje a Mari falou tudo que eu queria ter dito, coisas sobre as quais a muito venho refletindo principalmente durante o período da gravidez e de tudo que foram aqueles processos em minha vida, principalmente tudo que tem sido agora..
Enfim , acho que nunca me expus tão diretamente aqui ,até que não doeu rs
Boa leitura e ótimas reflexões
Valeu Mariana Santos e como ela mesma me disse:
chega de ficarmos colocando td na conta do amor e dos hormônios, PARÔ!!!!
O TEXTO ABAIXO É DA MARIANA SANTOS.
Sensibilidade feminina ou manipulação machista?!
Hoje acordei refletindo sobre o machismo e suas diversas manifestações. Acho que um bom “momento coração partido” pode nos ajudar a ver as coisas sob outras perspectivas. É curioso ver como alguns debates sobre opressões avançam tanto no que se refere à subjetividade das “vítimas” (odeio essa palavra, mas estou em um momento fluxo de pensamento e não me vem outra agora, vou fazer uso das boas e velhas aspas e espero que todos entendam o efeito expressivo). Enfim, o que quero dizer é sobre a dificuldade de se saber mulher, sabe aquele momento em que a militante se vê diante de suas próprias marcas deixadas pela criação desgraçadamente machista a que foi sujeitada.
Ainda não me fiz entender, tenho consciência disso, falo da dor de uma mulher forte e contrária aos estereótipos dos padrões do feminino que, de repente se vê identificada com os versos terríveis de Vinícius de Moraes “Uma tristeza que vem da beleza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e pra ser só perdão”. Que dor terrível ver-se vítima da forma mais primária do machismo, aquela em que o homem, na impossibilidade de reforçar sua inferioridade intelectual, física ou moral; apela para sua vulnerabilidade emocional, historicamente atribuída por uma determinação genética ou divina ou seja lá o que for às mulheres. “São todas assim, passionais, incontroláveis, histéricas... Em um momento te amam e no momento seguinte, do nada, sem nenhuma explicação racional (até porque nenhuma delas é muito racional) estão gritando e te mandando embora”.
Tal postura me coloca para pensar hoje por um único, egoísta e mesmo desprezível motivo, eu estive do outro lado, fui a louca, histérica, incontrolável e vi que as coisas nunca são tão simples como parecem. Até hoje sempre estive do lado que critica e questiona essas mulheres, elas eram quase traidoras, uma vergonha para nós, mulheres fortes e decididas que não vivemos em função de coisas menores como o amor, sobretudo o amor de um homem (sempre do outro lado da trincheira). Uma vergonha! Foi como me senti ao brincarem comigo, mas a culpa era toda minha, a culpa é sempre das “mulherzinhas” que não controlam suas emoções e não colocam os homens, (nossos inimigos??), em seus lugares.
Ficar se batendo com essa culpa é uma agressão pior do que muito soco e pancada. É uma punhalada em nossa auto-estima e, principalmente, em nossa sanidade. A velha frase clichê e descartada dos debates sérios “você brincou com meus sentimentos” deve ser considerada com mais vagar. É triste ver tantas situações de conflito amoroso, ou a maioria, sempre analisada como mais um momento de descontrole de uma mulher ferida e despeitada que não consegue lidar com suas emoções. Curioso também o fato de que tantas mulheres bem sucedidas e emancipadas tem queixas tão semelhantes sobre relacionamentos. Serão todas xiliquentas e mimadas? Não posso acreditar.
Mas tenho algumas suspeitas, suspeito que o machismo tem se adaptado para as condições atuais de inserção da mulher na sociedade. Hoje somos humilhadas por meio de um jogo sujo e degradante com nossos sentimentos e as seqüelas de nossa criação que nos fez crer que pertencemos a um lugar social que compreende uma postura emocional bem definida, assim como os homens também possuem seus papéis sociais e emocionais bem definidos de acordo com seu lugar na hierarquia de nossa sociedade burguesa cristã. Não importa o quão emancipada, independente e livre você pretenda ser, você sempre vai PRECISAR de um homem!!!
Atualmente somos levadas a acreditar nisso na marra! Antigamente uma mulher PRECISAVA de um homem por questões materiais, hoje somos capazes de pagar as contas, nos sustentar e a eles. Então como manter o poderio histórico dos homens em nossa sociedade?!
Ora, porque não aproveitar essa necessidade “natural”, incontrolável e estúpida das mulheres por amor?! E aqui não estou falando apenas de aceitar uma traiçãozinha aqui e ali (algo também altamente questionável), falo de mulheres incríveis que são agredidas por seus companheiros física e psicologicamente e lutam para manter a relação custe o que custar. Impressionante como tantas mulheres passam por isso diariamente, achei que minha avó era a última, mas aqui estou eu para comprovar que a fórmula é cada vez mais eficaz, funciona e se prolifera diariamente sob o aval, inclusive, daqueles que dizem lutar contra as opressões. Como lutar contra o machismo?! Botando o homem que você ama na cadeia!! O pai dos seus filhos, talvez o único que ainda te deseja...
Mas se o crime do digníssimo não for “tão grave assim” o caso é você se gostar um pouco mais... Muito simples se sentir importante, bonita, desejável, em uma sociedade em que somos um pouco mais que um órgão genital e uma mente perturbada.
Também não estou fazendo aqui um tratado de ódio e repúdio eterno aos homens, ao contrário, entendo que eles também são vítimas dessa formação onde seus sentimentos são negados, sob pena de perder sua masculinidade ou sua heterossexualidade (infelizmente cada vez mais essas duas coisas têm sido vistas como uma coisa só ou dependentes uma da outra... terrível!!). Entendo isso e convido os homens à reflexão, mas aposto que para a maioria essa posição ainda é bem “cômoda”, portanto discutir seria abrir mão de uma “vantagem”.
Não vou me alongar mais nessa questão, até porque pretendo me aprofundar mais no tema. Só não posso aceitar que a degradação de tantas mulheres em suas relações amorosas continue sendo apenas coincidências ou fatalidades. Até quando vamos nos prender à idéias absurdas para explicarmos diferenças que são criadas, construídas historicamente, com o objetivo único de ridicularizar as mulheres, nos mantendo eternamente na posição da mulher amada e amante do lar que com açúcar e com afeto está sempre disponível para seu homem, aconteça o que acontecer, seja para provar sua superioridade diante desses detalhes do dia a dia, como as aventuras amorosas do companheiro, seja por medo da solidão, maior pesadelo feminino.
Só quero encerrar com a idéia que pretendo perseguir daqui pra frente: as reações à decepção amorosa seguem os caminhos abertos pelo machismo, enquanto as mulheres se matam por amor os homens nos matam por amor... Fica a dica!!!
http://conversaafiadaca.blogspot.com/2011/10/sensibilidade-feminina-ou-manipulacao.html
Enfim , acho que nunca me expus tão diretamente aqui ,até que não doeu rs
Boa leitura e ótimas reflexões
Valeu Mariana Santos e como ela mesma me disse:
chega de ficarmos colocando td na conta do amor e dos hormônios, PARÔ!!!!
O TEXTO ABAIXO É DA MARIANA SANTOS.
Sensibilidade feminina ou manipulação machista?!
Hoje acordei refletindo sobre o machismo e suas diversas manifestações. Acho que um bom “momento coração partido” pode nos ajudar a ver as coisas sob outras perspectivas. É curioso ver como alguns debates sobre opressões avançam tanto no que se refere à subjetividade das “vítimas” (odeio essa palavra, mas estou em um momento fluxo de pensamento e não me vem outra agora, vou fazer uso das boas e velhas aspas e espero que todos entendam o efeito expressivo). Enfim, o que quero dizer é sobre a dificuldade de se saber mulher, sabe aquele momento em que a militante se vê diante de suas próprias marcas deixadas pela criação desgraçadamente machista a que foi sujeitada.
Ainda não me fiz entender, tenho consciência disso, falo da dor de uma mulher forte e contrária aos estereótipos dos padrões do feminino que, de repente se vê identificada com os versos terríveis de Vinícius de Moraes “Uma tristeza que vem da beleza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e pra ser só perdão”. Que dor terrível ver-se vítima da forma mais primária do machismo, aquela em que o homem, na impossibilidade de reforçar sua inferioridade intelectual, física ou moral; apela para sua vulnerabilidade emocional, historicamente atribuída por uma determinação genética ou divina ou seja lá o que for às mulheres. “São todas assim, passionais, incontroláveis, histéricas... Em um momento te amam e no momento seguinte, do nada, sem nenhuma explicação racional (até porque nenhuma delas é muito racional) estão gritando e te mandando embora”.
Tal postura me coloca para pensar hoje por um único, egoísta e mesmo desprezível motivo, eu estive do outro lado, fui a louca, histérica, incontrolável e vi que as coisas nunca são tão simples como parecem. Até hoje sempre estive do lado que critica e questiona essas mulheres, elas eram quase traidoras, uma vergonha para nós, mulheres fortes e decididas que não vivemos em função de coisas menores como o amor, sobretudo o amor de um homem (sempre do outro lado da trincheira). Uma vergonha! Foi como me senti ao brincarem comigo, mas a culpa era toda minha, a culpa é sempre das “mulherzinhas” que não controlam suas emoções e não colocam os homens, (nossos inimigos??), em seus lugares.
Ficar se batendo com essa culpa é uma agressão pior do que muito soco e pancada. É uma punhalada em nossa auto-estima e, principalmente, em nossa sanidade. A velha frase clichê e descartada dos debates sérios “você brincou com meus sentimentos” deve ser considerada com mais vagar. É triste ver tantas situações de conflito amoroso, ou a maioria, sempre analisada como mais um momento de descontrole de uma mulher ferida e despeitada que não consegue lidar com suas emoções. Curioso também o fato de que tantas mulheres bem sucedidas e emancipadas tem queixas tão semelhantes sobre relacionamentos. Serão todas xiliquentas e mimadas? Não posso acreditar.
Mas tenho algumas suspeitas, suspeito que o machismo tem se adaptado para as condições atuais de inserção da mulher na sociedade. Hoje somos humilhadas por meio de um jogo sujo e degradante com nossos sentimentos e as seqüelas de nossa criação que nos fez crer que pertencemos a um lugar social que compreende uma postura emocional bem definida, assim como os homens também possuem seus papéis sociais e emocionais bem definidos de acordo com seu lugar na hierarquia de nossa sociedade burguesa cristã. Não importa o quão emancipada, independente e livre você pretenda ser, você sempre vai PRECISAR de um homem!!!
Atualmente somos levadas a acreditar nisso na marra! Antigamente uma mulher PRECISAVA de um homem por questões materiais, hoje somos capazes de pagar as contas, nos sustentar e a eles. Então como manter o poderio histórico dos homens em nossa sociedade?!
Ora, porque não aproveitar essa necessidade “natural”, incontrolável e estúpida das mulheres por amor?! E aqui não estou falando apenas de aceitar uma traiçãozinha aqui e ali (algo também altamente questionável), falo de mulheres incríveis que são agredidas por seus companheiros física e psicologicamente e lutam para manter a relação custe o que custar. Impressionante como tantas mulheres passam por isso diariamente, achei que minha avó era a última, mas aqui estou eu para comprovar que a fórmula é cada vez mais eficaz, funciona e se prolifera diariamente sob o aval, inclusive, daqueles que dizem lutar contra as opressões. Como lutar contra o machismo?! Botando o homem que você ama na cadeia!! O pai dos seus filhos, talvez o único que ainda te deseja...
Mas se o crime do digníssimo não for “tão grave assim” o caso é você se gostar um pouco mais... Muito simples se sentir importante, bonita, desejável, em uma sociedade em que somos um pouco mais que um órgão genital e uma mente perturbada.
Também não estou fazendo aqui um tratado de ódio e repúdio eterno aos homens, ao contrário, entendo que eles também são vítimas dessa formação onde seus sentimentos são negados, sob pena de perder sua masculinidade ou sua heterossexualidade (infelizmente cada vez mais essas duas coisas têm sido vistas como uma coisa só ou dependentes uma da outra... terrível!!). Entendo isso e convido os homens à reflexão, mas aposto que para a maioria essa posição ainda é bem “cômoda”, portanto discutir seria abrir mão de uma “vantagem”.
Não vou me alongar mais nessa questão, até porque pretendo me aprofundar mais no tema. Só não posso aceitar que a degradação de tantas mulheres em suas relações amorosas continue sendo apenas coincidências ou fatalidades. Até quando vamos nos prender à idéias absurdas para explicarmos diferenças que são criadas, construídas historicamente, com o objetivo único de ridicularizar as mulheres, nos mantendo eternamente na posição da mulher amada e amante do lar que com açúcar e com afeto está sempre disponível para seu homem, aconteça o que acontecer, seja para provar sua superioridade diante desses detalhes do dia a dia, como as aventuras amorosas do companheiro, seja por medo da solidão, maior pesadelo feminino.
Só quero encerrar com a idéia que pretendo perseguir daqui pra frente: as reações à decepção amorosa seguem os caminhos abertos pelo machismo, enquanto as mulheres se matam por amor os homens nos matam por amor... Fica a dica!!!
http://conversaafiadaca.blogspot.com/2011/10/sensibilidade-feminina-ou-manipulacao.html
caracas, esse post eh daqueles que temos q reler pelo resto da vida. incrível como todas passamos por essas situaçòes, independente de grau emancipatório!! Viva também o nosso direito de sofrer sem culpa!
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